- 19/09/2024 - Institucional Compartilhe no Whatsapp
Em tempos de reconstrução do Rio Grande do Sul pós-cheias, apoio do Sicoob a CTGs renova a esperança
O mês de setembro é especial para o Rio Grande do Sul, período para celebrar a cultura e a tradição dos gaúchos. O dia 20 de setembro é o mais importante nesse calendário, quando é comemorado o Dia do Gaúcho e a Revolução Farroupilha.
Pois justamente no mês de setembro, há um ano, o Estado viveu a primeira de uma sequência de grandes cheias. O pior ainda estava por vir: 30 de abril de 2024, a chuva torrencial tomou conta do RS, e vários dias seguidos “batendo água” resultaram na maior catástrofe ambiental já vivida pelos gaúchos. As sequelas ainda estão muito vivas em diversas regiões, as feridas desse tempo desafiador ainda não cicatrizaram.
Por outro lado, essa situação sensibilizou as pessoas para além-fronteiras do Rio Grande do Sul. Num movimento solidário gigantesco, voluntários organizaram campanhas de arrecadação de donativos, juntaram recursos, pegaram pás e enxadas para auxiliar da maneira que fosse possível na limpeza e reconstrução. O movimento tomou proporções nunca antes vistas e, até hoje, esse sentimento emociona desabrigados, enlutados, atingidos direta e indiretamente pelas cheias.
Solidariedade
Em meio a este turbilhão, o Sicoob lançou a campanha SOS Rio Grande do Sul. A ação recebeu mais de R$ 5,2 milhões em doações e o Sicoob acrescentou mais R$ 10 milhões ao montante para auxiliar as vítimas das enchentes. Os recursos administrados via Instituto Sicoob foram utilizados na aquisição de alimentos, material de higiene e limpeza, móveis, utensílios domésticos, material de construção, reposição de equipamentos para serviços essenciais à população e outros tantos itens que foram surgindo.
O Sicoob São Miguel, com sede em São Miguel do Oeste/SC, mobilizou as equipes das suas agências nos três Estados do Sul, especialmente das 20 unidades instaladas no RS. Essa sensibilização em prol dos gaúchos vem desde os primeiros dias de cheias e se mantém até hoje.
“O desejo é de que todos consigam retomar suas vidas, torcendo para que os rios não nos visitem mais tão rapidamente. É preciso muita força para que as pessoas sigam em frente, e o Sicoob é parceiro para ajudar nesta reconstrução”, já destacava o presidente do Sicoob São Miguel, Edemar Fronchetti, no início das campanhas.
Conexões
A união pelos gaúchos aproximou solidariedade e voluntariado, tradicionalismo e cooperativismo. Nesse movimento, entidades tradicionalistas na área de atuação do Sicoob São Miguel também estiveram entre os atendidos. É o exemplo dos CTGs Bento Gonçalves e Tropilha Farrapa, de Lajeado, no Vale do Taquari; e Rancho Feliz, da cidade da Feliz, no Vale do Caí. As duas regiões foram duramente castigadas pelas cheias e os centros de tradições gaúchas foram elo importante entre voluntários, donativos e famílias necessitadas.
Gratidão
“No 20 de Setembro deste ano a nossa maior comemoração deve ser a vida, Deus nos permitiu estar aqui depois de todas as dificuldades que passamos.” A frase é da coordenadora artística e secretária do CTG Rancho Feliz, Alini Scherner Finger.
Instalada no centro da cidade da Feliz, a entidade foi bastante atingida pela cheia do Rio Caí, que entrou cerca de 1,80m na sede do CTG. “Uma porta rompeu e tudo que tínhamos dentro do prédio foi embora. Hoje o que temos foi recolhido ao longo do leito do rio”, recorda.
A sede campeira, que fica em outro endereço próximo do curso d’água, também foi bastante danificada. “A correnteza trouxe muitos entulhos, terra e árvores. Destruiu postes de iluminação, a cerca onde corria o gado. Somente no início de setembro que conseguimos mexer um pouco lá, há muito por ser feito, muita sujeira para ser limpa”, revela Alini.
Mesmo assim, mais que em palavras, o sentimento de gratidão se manifesta nos olhos marejados da jovem. “Poder reabrir o CTG e rever os amigos, mas também poder ajudar as pessoas que necessitam de auxílio, nos enche de alegria. Por isso, a maior comemoração deste Dia do Gaúcho está na solidariedade e na resiliência, fundamentais para seguirmos em frente”, conclui, agradecendo a todos que contribuíram e seguem ajudando.
No CTG Rancho Feliz a agência do Sicoob da cidade da Feliz auxiliou com recursos para compra de materiais de construção.
União
O CTG Bento Gonçalves, do Bairro São Bento, em Lajeado, não foi diretamente atingido pela cheia. No entanto, muitos de seus associados e familiares perderam tudo. “Eu perdi uma casa com tudo dentro, mas tudo bem, era uma casa de camping. E as outras pessoas que não têm mais onde morar? Nosso CTG virou um centro de distribuição, ponto de atendimento às famílias atingidas, com recebimento, separação e entrega de donativos”, explica a patroa Marilda Dolores Oliveira.
Ela cita o movimento de doações. “A demanda era muito grande, e quando os donativos estavam terminando, chegaram os materiais destinados pelo Sicoob. Isso foi um novo alento para as pessoas, atendemos mais de 660 famílias”, emociona-se.
Marilda também fala da força do tradicionalismo e do cooperativismo. “Toda solidariedade deu forças para que o gaúcho seguisse em frente, sabendo que não está sozinho”, descreveu, agradecendo à agência do Sicoob de Lajeado pelo apoio. “Vocês nos estenderam a mão, colocando-se no lugar do próximo. Com união vamos reconstruir o Rio Grande do Sul.”
Emoção
“No CTG sempre trabalhamos muito essa questão do voluntariado, mas ver o Brasil todo se unir para ajudar o RS é emocionante. É essa força e essa união que nos representam. Esse 20 de Setembro é marcado pela emoção e pela renovação da esperança”, afirma a coordenadora da invernada adulta do CTG Tropilha Farrapa, do Bairro São Cristóvão, em Lajeado, Silvana Reolon.
A entidade também não foi atingida diretamente pelas cheias, mas vários de seus integrantes foram afetados, alguns perderam tudo. “Foi algo muito triste. Em setembro de 2023 a enchente foi impactante por ter pego todo mundo desprevenido. Naquela oportunidade arrecadamos doações e preparamos mais de dez mil marmitas. Na enchente de abril e maio, utilizamos novamente o espaço do CTG como centro de distribuição. Foi um momento de grande união pela comunidade em geral”, recorda.
Nessa caminhada, o apoio do Sicoob também é valorizado pela entidade tradicionalista. “A cooperativa foi muito importante em diversos fatores, inclusive com sacolas para separarmos os kits de donativos, auxílio no transporte e as doações, principalmente de materiais de limpeza e higiene”, comenta Silvana, acrescentando que, depois de tudo que aconteceu, o povo gaúcho está muito mais unido, forte e cooperativo.
TEXTO – Leandro Augusto Hamester
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